Essa trilha foi denominada derruba peregrino pelo grau de dificuldade. São 13 km de subida em montanha, quase 900 metros de altitude (Santos a São Paulo e mais um pouquinho). Parecia interminável!!! achei que não fosse conseguir! Num certo momento, deu uma cãimbra no quadríceps, que fiquei assustada. Normalmente, quando faço trilha, sempre levo um gatorade. Eu transpiro muito e perco muito sais. Mas, nem lembrei de procurar um similar. Uma senhorinha me ofereceu pedra de sal, que foi a salvação. Continuamos a subir até encontrar um refugio para descansar, comer alguma coisa e aguardar mais uma pessoa que ficou para trás. Continuamos a subir até o pico da montanha, descemos 100 m de altitude, subimos 220 m, descemos 300 metros e subimos mais 300 metros novamente. Um sobe e desce até chegar, onde está localizado o templo 12.
Há até banquinhos de tronco de árvore para sentar e descansar um pouco. Mas, não dá para perder muito tempo. A trilha leva de 4 a 6 horas...
Esta árvore foi por ele plantada, e tem mais de 1.200 anos. Como somos insignificantes perante a natureza! Quantas pessoas ainda terão o prazer de vê-la, forte, imponente, quase chegando ao céu, porque já estamos há quase 900 metros de altitude.
Outra deusa Kokuzo Bosatsu. Quando o monge Kukai pretendia visitar este templo, uma gigantesca serpente o interrompeu, incendiando toda a montanha. Kukai foi subindo mesmo assim, recitando os mantras. Pouco a pouco o incêndio foi parando e com a ajuda da deusa Kokuzo Bosatsu ele dominou a serpente e a prendeu em uma cova. Esta cova está localizada dentro do santuário principal, no santuário interno.
Sem perder muito tempo, começamos a descer a montanha. Descendo em direção a pousada, nos deparamos com este monumento em bronze. Uma pessoa ajoelhada pedindo perdão. É uma história que me deixou muito interessada em conhecer mais e mais o Budismo Shingon.
É a lenda de Emon Saburo, qual deu início a peregrinação em Shikoku. Esta lenda data do ano 824. Emon Saburo era um lorde muito avarento e cruel, chefe do clã de Ebara, na província de Iyo. Um dia o monge Kukai, parou em frente a sua porta pedindo comida. Mas, ele foi afugentado com uma vassoura de bambu, qual pegou em sua tigela, que quebrou em oito pedaços. No dia seguinte, os oito filhos dele morreram um atrás do outro, deixando esse homem de coração duro, totalmente desconsolado. Uma noite Kukai lhe apareceu em sonho, dizendo que os oito filhos dele morreram, por culpa dos pecados dele mesmo. E, se ele fizesse o caminho dos templos em Shikoku, como peregrino, poderia pagar os seus pecados. Quando se deu conta, que esse monge dos sonhos, era aquele que ele afugentou com a vassoura, ele saiu a sua procura, para pedir-lhe perdão.
Depois de fazer 20 voltas pela ilha (1400 km cada) sem ter encontrado o monge, já quase sem forças, resolveu fazer o circuito ao contrário. Quando chegou exatamente neste lugar, aos pés do tempo 12, onde está o monumento, estava quase morrendo quando Kukai apareceu. Este perguntou ao pecador o que é que ele desejava. Saburo lhe respondeu " Na próxima vida, quero renascer na família Kono, da província de Iyo" e deu o último suspiro. Kukai colocou uma pedra em sua mão, na qual escreveu: renascimento de Emon Saburo e rezou pelo seu renascimento.
Tempos depois, um menino nasceu na família Kono, mas não abria uma das mãozinhas. Quando conseguiram abri-la, encontraram a pedra na qual estava escrito: Renascimento de Emon Saburo. Esta pedra está em exposição no templo de nº 51, templo ISHITEJI e a tumba dos filhos de Saburo fica na Cidade de Matsuyama, Província de Ehime, na Ilha de Shikoku.
Esta história é bem intrigante, e saber que esta pedra existe e a história real, é muito mais. Muito bom para refletir.
Exaustos, chegamos à pousada para o banho e o jantar (18h30). Uma delícia!!! embaixo dessa flor de alumínio há um fogareiro para esquentar e cozinhar os legumes e bacon.
Espero que tenham gostado. Até a próxima postagem.
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